Os Dalla Rosa No Brasil
A história de uma família tem muitas fontes e muitos ramos. Esta singela produção resgata alguns dados da história dos Dalla Rosa no Brasil e, precisamente, de José Dalla Rosa. Giuseppe Dalla Rosa, juntamente com sua esposa Angélica Cechin, e os filhos Luigia, Maria, Fioretta, Pietro e Giovanni, partem de Cesiominore, Itália, em fevereiro de 1886.
A aldeia de Cesiominore pertence ao Comune de Cesiomaggiore, Província de Belluno, Região do Vêneto. O Comune de Cesiomaggiore situa-se a meia distância entre as cidades de Belluno e Feltre, a pouca distância da cidade de Mel, nos Dolomitos, região monanhosa do Norte da Itália. A Província de Belluno teve um grande índice de emigração, por causa da pobreza e de doenças endêmicas, que dizimavam a população.
Chegados ao Rio Grande do Sul, em 11 de março do mesmo ano, quinta-feira, os Dalla Rosa, como todos os que se dirigiam à Colônia Caxias, navegaram pelo Rio Caí até São Sebastião do Caí, donde seguiram a pé, a cavalo e de carreta, até o destino final. Giuseppe Dalla Rosa foi assentado, com sua família, na Capela de São Tiago de Mato Perso, 4º Distrito de Flores da Cunha. Angélica, esposa de Giuseppe, faleceu com 76 anos de idade. O registro de falecimento de Giuseppe não foi encontrado.
Giovanni, filho de Giuseppe e pai de José, veio da Itália com apenas 7 meses de idade. Casou-se duas vezes. Do primeiro casamento com Ângela Zilli (falecida em 08 de outubro de 1910), teve 4 filhos: José, Francisco, Ângelo e Angelina. Depois da morte de Ângela, casou-se com Barbarina Bovo, com quem teve 8 filhos: Severino, Rachelle, Olímpia, Gioconda, Teresinha, Fiorindo, Ângelo e Jandira. Giovanni faleceu em 1938, com 52 anos de idade, vítima de acidente com a mula de montaria, ao retornar de um churrasco na residência dos Marchet. Ao abrir a cancela, a mula assustou-se e lhe desferiu um coice mortal. Detalhe: foi velado na estrada, durante toda a noite, até chegar a autoridade para liberar o corpo. Barbarina faleceu em 17 de agosto de 1990, com 94 anos de idade.
José, o primeiro dos 4 filhos do casamento de Giovanni com Ângela Zilli, nasceu em 18 de outubro de 1909, e casou-se com Elisa Fistarol, que nasceu em 10 de fevereiro de 1907, em Farroupilha. Filha de Francisco Fistarol e Regina Bernardi, Elisa teve 4 irmãos, entre eles Carlos, casado com Flora. José e Elisa viveram no meio rural, como agricultores, até 1942, quando se mudaram para a cidade. José passou grande parte de sua vida doente. Elisa teve que assumir a administração da família. De forte personalidade, Elisa soube conduzir a família, dando segurança aos filhos, que desde muito cedo, ajudavam como podiam. As dificuldades eram muitas, tinham pouco alimento. Nos raros momentos em que tinham carne na mesa, se deliciavam. José adorava um churrasquinho. José faleceu em 06 de setembro de 1971, com 62 anos, e Elisa em 31 de Julho de 1978, com 71 anos.
José e Elisa tiveram 9 filhos. São eles:
GENNY ÂNGELA DALLA ROSA CHIES. Genny nasceu na comunidade de São Tiago de Mato Perso, em 21 de junho de 1928. Viveu com os pais, na casa construída em 1903, onde também moraram o avô Giovanni, e o bisavô Giuseppe Dalla Rosa. Ajudou muito os pais, e estudou na Escola da Comunidade de São Tiago, até a 3ª Série. Aos 14 anos de idade, mudou-se, com a família, para a cidade de Caxias do Sul, onde trabalhou nas malharias Caxiense e Salatino, na cervejaria Leonardelli e na Indústria Xisté.
Nas idas e vindas do trabalho, Genny, com 16 anos de idade, sem perceber, era observada e admirada por Reynaldo Chies, que por intermédio de Nair Ceconi, uma amiga comum, marcou um encontro entre os dois no Cinema Guarani. A partir daí, outros encontros amorosos aconteceram, até que em 24 de dezembro de 1947, casaram-se. A vida de Genny e Reynaldo foi de muito trabalho e sacrifício, particularmente nos primeiros 15 anos de casados. Reynaldo era tambeiro. Ambos acordavam muito cedo para ordenhar as vacas, além de outras tantas atividades da propriedade. No início da década de 1950, Reynaldo foi trabalhar nas cervejarias Leonardelli, Brahma, Pérola e Antárctica, onde cumpria um horário de 15 horas diárias, para assegurar melhores condições à família.
Genny sofreu muitas privações, inclusive de alimentos, sempre pensando na família. Ocupava-se dos afazeres domésticos, da criação e educação dos filhos. Assim mesmo, sempre disposta a servir, encontrava tempo para atividades comunitárias, ligadas especialmente à paróquia e escola São Vicente de Paulo. Genny, que tem um coração bondoso, humilde e generoso, com muita ternura, sempre compartilhou as angústias e sofrimentos dos outros, tendo compaixão e acolhendo à todos sem distinção. Nas grandes provações que enfrentou na vida, soube, com muita lucidez, carregar a sua cruz em silêncio, buscando sempre, com muita devoção à Nossa Senhora, o consolo e a força na oração. Genny sempre reza pelo bem de todos, e principalmente da família que a acolhe com muito carinho e gratidão. Genny e Reynaldo tiveram 8 filhos, 15 netos e 2 bisnetos:
Sirlei Maria, casada com Aldo Francisco Migot e mãe de Natanael e Damáris.
Marlene Teresa, casada com Alceu Zigliolli Barcelos, e mãe de Fabrício, casado com Graziela Gomes, e pai de Enzo e Víctor.
Valdenei Teresinha, casada com Olivir Hilário Viezzer e mãe de Vaneíse, casada com André Onófrio dos Santos; de Oliver, casado com Louise Dutra e pai de Augusto e Elisa; e de Gerenise, casada com Thiago Paim Alves e mãe de Isabella, Lorenzo e Clarissa;
Marien Isabel, casada com Gustavo Baptista Éboli, e mãe de Gabriel.
Rudimar Antônio, casado com Adir Teresinha Argenta, e pai de Josué, Maurício e Josiane.
Marilisa, casada com Antônio Malgarizi, e mãe de Guilherme.
Raquel, casada com Ricardo Alfredo Pacheco de Oliveira, e mãe de Rafael, casado com Cynthia Santini; e Virginia.
Gilmar Domingos, casado com Véra Lúcia Malgarizi e pai de Franco e Sarah.
OLITA REGINA DALLA ROSA BARBIERI. Olita nasceu em 20 de fevereiro de 1931. Desde muito jovem, trabalhou nos afazeres da casa paterna, em muitas tarefas, tais como o cuidado dos irmãos menores e no transporte da produção da colônia para a cidade, em lombo de animais. Com a transferência da família para Caxias do Sul e a necessidade de ajudar no sustento da casa, aprendeu a modelar estátuas de argila e, também, o ofício de artesã na Tecelagem Pizzamiglio. Mas, foi na Tecelagem Pantiêri que desenvolveu sua vida profissional e se aposentou, depois de muitos anos de trabalho. Na maturidade, casou-se com Mário Antônio Barbieri - mecânico - e, juntos, com fé, amor e persistência iniciaram uma bela caminhada a dois.
Em dado momento, apresentou-se a oportunidade de transferência para Toledo, no Estado do Paraná. A mudança foi vista como um Eldorado de trabalho, paz, alegria, saúde e amor. Mas, a morte prematura do esposo, Mário, desfez o sonho. Olita retornou a Caxias do Sul, convivendo com o filho e amenizando, assim, o sofrimento da perda. Aqui, preencheu o tempo acompanhando o filho e com o cuidado e ternura para com as crianças: Olivér, Gerenise, Rafael, o sobrinho Rodrigo e a neta Yasmini. Sempre acolhedora com os familiares, como o fora anteriormente, acolhendo o irmão Luís Carlos.
Olita é mãe de um filho, Ivanir, com quem vive até hoje: Ivanir, casado com Janete Rachel Ráimann e pai de Yasmini.
“Mãe, das caminhadas que fizeste, sob o sol, chuva, frio e neve, só ou acompanhada, tenha certeza do meu reconhecimento e gratidão eternos”. IVANIR.
RILDE DALLA ROSA. Rilde Nasceu em 27 de novembro de 1935. Foi tecelã na Malharia Pantiêri, juntamente com a irmã Olita. A vida não foi nada fácil para Rilde. Fez muitas tentativas, procurou diversos caminhos, mas não teve o êxito esperado, como um lar sólido e prosperidade. Apesar disso, teve a coragem de recomeçar depois de um longo caminho percorrido, casando com Livino da Fonseca, falecido a 25 de maio de 1998. Rilde tinha o jeito de cuidadora, uma grande qualidade. Cuidou dos pais, do marido Livino, do irmão Valdir e de sobrinhos. Este cuidado ela o expressava com as palavras que mais repetia: querido e querida. Rilde faleceu em 07 de dezembro de 2010.
JOÃO FRANCISCO DALLA ROSA. João nasceu em 10 de setembro de 1938. João casou-se com Geicý Pereira, com quem teve 3 filhos: Paulo Roberto, Carlos Eugênio e Luiza Helena. Tendo falecido em 13 de agosto de 1967, com 28 anos, deixou-nos muito cedo, muito jovem. A respeito dele fica sempre a pergunta, reiteradamente ouvida em família: como ele era, o que fazia, o que apreciava? O que sabemos é que ele sonhou e construiu um lar, abençoado com filhos.
LUCINDA DALLA ROSA. Faleceu com 2 anos de idade, por causa de infecção intestinal. No período de amamentação a mãe dela, Elisa, foi hospitalizada. Lucinda passou a ser alimentada com leite comum, o que pode ter ocasionado a infecção. Mas isso é, simplesmente, uma hipótese.
LUCINDA GIOCONDA DALLA ROSA PIRES. Lucinda nasceu a 30 de dezembro de 1940. Quando solteira, trabalhou como auxiliar geral na Cervejaria Pérola, onde conheceu Acácio Pires, que trabalhava no escritório da empresa. Acácio, durante 1 ano,antes do casamento, residiu na casa de José e Elisa. Depois do casamento, estabeleceram-se no Bairro Madureira, em uma casa doada pelos pais de Acácio, onde vivem até hoje. No início, enfrentaram muitas dificuldades, amenizadas pelo apoio das irmãs da Lucinda, especialmente da Rilde.
Os pais de Acácio moravam no campo. Acácio e Lucinda, de dois em dois meses, iam a Vacaria buscar charque, banha e outros alimentos, enfrentando dificuldades, porque a viagem de ônibus era difícil e precisavam levar as crianças. Para chegar à casa dos pais, precisavam percorrer um bom trecho a pé, o que era comum naquele tempo. Virgílio Chies, também colaborou, fornecendo leite. Lucinda, além das tarefas domésticas, lavava roupa para terceiros. Acácio, quando o escritório permitia, comercializava bebidas, chimias e outros produtos alimentícios. Desta forma, com princípios e valores, enfrentaram os desafios da vida e da família e criaram seus 3 filhos:
Alnor, casado com Wilkléia Moura Barbosa e pai de Juliana.
Kenyon Severo, casado com Vilma de Oliveira Leite e pai de Geórgia.
Surriet, casada com Arlindo César Almeida Borges e mãe de Wiliam.
VALDENOR JOSÉ DALLA ROSA. Valdenor nasceu em 25 de Agosto de 1944, e foi um bom profissional, exercendo um dos mais nobres ofícios da história da arte: a pintura. Em 22 de julho de 1972, casou com Zulmira Alda, mulher de grande dignidade, e amor ao trabalho e à família.
Valdenor distinguiu-se, também como bom cuidador de pessoas. Mostrou esta qualidade, especialmente, por ocasião da doença da esposa, Zulmira, falecida em 12 de outubro de 1998, com 53 anos de idade. Após a morte dela, ele se fechou muito, e entrou em depressão. Valdenor atropelou a morte diversas vezes, quando foi acometido por graves afecções, mas resistiu bravamente. Faleceu em 05 de fevereiro de 2008, após uma queda de uma escada na casa de repouso onde estava. Valdenor e Zulmira deixam 3 filhos:
José Valdenor, pai de Jardel Diógenes e Gabriel Diógenes.
Maria Elisa, casada com Marcelo Stecker Mostardeiro e mãe de Letícia Naiane, Lucas Marcelo e Laura Marceli.
Rosane Cristina, casada com Jéferson Jonas.
Valdenor era um homem sério e rude, mas gostava muito dos filhos e da esposa Zulmira, porém, não sabia expressar bem o seu amor. Os filhos José, Maria Elisa e Rosane Cristina fazem questão de afirmar:
“Pai, apesar de tudo, nós sempre vamos te amar, mesmo não estando mais aqui entre nós”.
VALDIR ANTÔNIO DALLA ROSA. Valdir nasceu em 16 de janeiro de 1947. Nos bons momentos, foi característica do Valdir vestir-se bem, combinando, sem nada destoar. Tinha boa prosa, sabendo convencer como poucos. Poderia ter se tornado um bom advogado. Sabia ser gentil, Enfim, um moço educado. O drama do Valdir foi não ter se firmado no ambiente de trabalho, mudando constantemente. Valdir, em 12 de outubro de 1979, casou-se com Irene Dal Sasso, com quem teve a filha Tassiane Elisa, casada com Israel da Rosa e mãe de Pietro Caian. Valdir faleceu em 24 de julho de 2007.
LUÍS CARLOS DALLA ROSA. Luís Carlos nasceu em 24 de novembro de 1949. Desde a infância, era o churrasqueiro predileto das sobrinhas mais velhas. Sempre que o nono José voltava pra casa com carne, era uma festa. Aos 11 anos começou a trabalhar na casa da irmã, Olita, ajudando nos afazeres domésticos. Mas, sua “carta na manga” estava na cozinha e, como ele mesmo se autodescreve, era um cozinheiro de mão “cheia”.
Após o cumprimento do serviço militar, de muita valia para seu aprendizado, ingressou na indústria Bellini, como soldador. Por sofrer de bronquite, foi transferido para outros setores da empresa. Foi, sempre, um trabalhador honesto e dedicado. Permaneceu sempre na mesma empresa, até aposentar-se, demonstrando muito apreço para com o trabalho e para com os colegas de ofício.
Teve muitas horas de alegria e, também de tristeza, mas a alegria foi muito maior que a tristeza. Na empresa encontrou sua maior alegria: a esposa Teresinha Lourdes Savichi, com quem casou a 11 de dezembro de 1971, formando, juntos e solidários, uma família feliz. Com muita paciência e caridade, estimulado pela esposa, ajudou muito os pais e os irmãos. Hoje, aposentado, curte a vida com a família. Apesar do incentivo para que viaje e se divirta, ele prefere permanecer em casa, tranquilo, lembrando a todos: “estou aposentado”.
Luís Carlos é pai de Rodrigo, que cita:
“Meu pai tem um coração de ouro, é um grande homem de Deus, e se na minha vida eu for metade do que ele é, vou me sentir realizado”.
A Família Dalla Rosa deixou a Itália por medo da guerra, da fome e das doenças. A Província de Belluno, além dos males que ameaçavam as demais províncias, enfrentava doenças endêmicas, ligadas ao solo e ao meio ambiente. O sonho desses imigrantes era ter uma mesa grande, com comida, sobretudo pão de trigo e carne, e muitos filhos ao redor da mesa. Mas, na Itália, e especialmente em Belluno, isso era impossível. Emigrar era forçoso.
No Brasil, a mesa com comida abundante continuou sendo um sonho, por dezenas de anos. Havia comida, mas não havia abundância. Era preciso trabalhar muito e fazer economia. Apesar das dificuldades da primeira hora, o suor dos nossos antepassados, associado à nossa determinação, propicia-nos, hoje, mesas fartas, realizando um sonho que vem de longe.
Pelo pão e pela vida, velhos imigrantes e antepassados, nós vos lembramos com muito carinho e nos orgulhamos de todos e de cada um.